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Trabalho digno e o legado da escravidão

  • Foto do escritor: Tabahyba
    Tabahyba
  • 23 de ago. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 23 de ago. de 2023

Ontem, dia 23 de agosto, postamos uma mensagem sobre o ODS 8, sobre trabalho digno e crescimento econômico. O dia era bastante oportuno para falar sobre a dignidade no trabalho, pois o dia 23 de agosto foi escolhido pelo Conselho Executivo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como o Dia Internacional de Lembrança do Tráfico de Escravos e de sua Abolição. É uma data significativa para refletirmos sobre o ponto mais baixo da indignidade que o trabalho e as relações humanas em geral podem chegar, lembrando que esta indignidade perdurou entre nós por quase 400 anos, forjando o mundo em que vivemos hoje, deixando teimosamente as suas marcas das formas mais variadas.

A data, lembrada desde 1998, remonta à noite de 22 para 23 de agosto do ano de 1791, quando eclodiu na ilha de Santo Domingo, hoje Haiti e República Dominicana, a revolta liderada pelo General Toussaint Louverture, um egresso do cativeiro, representando um marco da luta e da resistência negras contra o tráfico transatlântico de africanos escravizados.


E já que o ODS 8 faz referência ao trabalho digno e também ao crescimento econômico, é preciso dizer que o liberalismo brasileiro nunca se incompatibilizou com a indignidade da escravidão. Muito pelo contrário. No período entre 1790 e 1830, com a expansão da plantation agroexportadora cafeeira fluminense, a demanda por braços escravizados aumentou vertiginosamente, fazendo com que entrassem no Brasil de 1830 até 1850 cerca de 800.000 mil pessoas escravizadas. O detalhe é que esse enorme contingente foi escravizado mesmo após a Lei de 7 novembro de 1831, que proibiu o tráfico transatlântico de africanos. O argumento retórico das elites era que o crescimento da lavoura que podia prescindir da mão de obra escravizada, fazendo com que o regime escravista vigorasse por mais meio século.

A escravidão foi abolida em 1888, mas a sua obra não. Esse foi o diagnóstico feito por Joaquim Nabuco, e permanece atualíssimo.


Hoje a retórica mudou, mas a expansão agroexportadora continua tentando legitimar a indignidade do trabalho análogo à escravidão, o genocídio dos povos originários e a derrubada dos biomas pantaneiro, amazônico e agora o cerrado. Em suma, não é possível falar em sustentabilidade sem levar em conta os impactos socioambientais do passado e a necessidade de uma reparação histórica das comunidades vulneráveis, como são os povos da floresta, as comunidades tradicionais e os remanescentes de quilombola.


Essa indignidade é um passado que teima em não passar.


Henrique Barahona

Sócio-Fundador Tabahyba, Casa de Todos

 
 

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