Protejam as nossas Comunidades Tradicionais!
- Tabahyba
- 9 de mai. de 2023
- 2 min de leitura
Dois relatórios com resultados preocupantes foram divulgados recentemente a respeito das mudanças climáticas. Um deles foi o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPPC). O IPCC é o grupo de cientistas das Nações Unidas cujo trabalho é monitorar e assessorar a ciência global relacionada às mudanças climáticas. Apesar de alguns avanços, o relatório do último mês de março revela as dificuldades encontradas para manter o aquecimento global em 1.5ºC acima dos níveis pré-industriais, o que os cientistas acreditam que seja o limite máximo para evitar piores impactos das mudanças climáticas com efeitos catastróficos para toda a Humanidade.
O problema é que os atuais esforços para reverter o aquecimento global são insuficientes e, quando são implementados, estão dispersos e deixam de fora algumas das comunidades mais vulneráveis, que são os Povos Indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais.
Essas comunidades são alguns dos mais importantes protetores do carbono vivo, já que as áreas manejadas por comunidades tem taxas de desmatamento muito menores do que áreas protegidas pelos governos. De fato, Terras Indígenas abrigam 80% da biodiversidade remanescente no mundo e 17% do carbono florestal do planeta.
O segundo estudo também contendo dados perturbadores a propósito das alterações climáticas que experimentamos na atualidade foi divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) no dia 21 de abril deste ano, indicando que o nível do mar está subindo duas vezes mais rápido do que na primeira década de medições (1993-2002). O derretimento das geleiras e o calor recorde dos oceanos ocasionaram uma elevação média do nível do mar da ordem de 4,62mm por ano entre 2013 e 2022, aumentando-o em mais de 10cm desde o início dos anos 1990.
A elevação do nível do mar e o aumento da temperatura representam uma gravíssima ameaça às comunidades tradicionais litorâneas, aquelas mesmas que no relatório do IPPC que mencionamos primeiro já eram indicadas como estando em estado de vulnerabilidade.
Ora, o que esses dados reunidos querem dizer? Eles nos dizem que aquelas comunidades tradicionais que são imprescindíveis para a reversão das alterações climáticas por representarem uma importante proteção do carbono vivo em atividades com baixo impacto ambiental, são justamente aquelas que são mais diretamente atingidas pelo aquecimento global e devem ser protegidas urgentemente.
Isso significa dizer que a proteção das nossas comunidades tradicionais beneficia duplamente a todos nós, devendo ser o alvo estratégico não apenas das políticas públicas, mas da atenção de todos os que estão envolvidos numa cadeia produtiva verdadeiramente sustentável. Afinal de contas, Povos Indígenas, quilombolas e comunidades , na sua interação histórica com o Meio Ambiente, não têm nada a aprender conosco. Ao contrário, eles têm muito a nos ensinar!
Por isso nós desenvolvemos e apoiamos projetos socioambientais voltados para as comunidades tradicionais da nossa cidade, especialmente as comunidades de pescadores e extrativistas, aqueles que habitam e trabalham na região costeira ameaçada pelo aumento do volume dos oceanos, e que assistem cotidianamente à drástica redução dos estoques pesqueiros causados pelo aquecimento da temperatura da água do mar, e também pela pesca industrial predatória mesmo em áreas de proteção ambiental.
Foto arquivo pessoal: Canoa Letícia - Comunidade de Pesca Artesanal Praia de Piratininga
Henrique Barahona
Sócio-fundador Tabahyba, Casa de Todos
Fontes: https://www.tnc.org.br/, 20/03/2023, https://www.cnnbrasil.com.br/, 22/04/20.23