PEC 03: Não há mais tempo para a divisão
- Tabahyba
- 26 de mai. de 2024
- 3 min de leitura
Amanhã será a audiência pública sobre a PEC 03, que resumidamente, altera a Constituição Federal de 1988, propondo a extinção dos terrenos de marinha, áreas costeiras de 33 metros a partir da maré cheia de 1831. A proposta redistribui esses terrenos entre estados, municípios e particulares, alterando a Constituição e impactando as finanças da União, facilitando a ganância do setor privado imobiliário (ou da elite faminta por lucros).
Hoje é 26 de Maio de 2024, e qualquer pessoa na face da Terra, se tem acesso aos meios de comunicação ou não, sabe que estamos vivendo os efeitos da Crise Climática, com efeitos extremos da Natureza como enchentes, calor, furacões, degelos etc, intensificando o sofrimento das pessoas menos favorecidas financeiramente, expondo o racismo ambiental, mas também, promovendo o êxodo ambiental, atingindo cada vez mais todas as camadas da sociedade (que fique claro que sempre as camadas mais vulneráveis sofrerão mais com os episódios, como também terão mais dificuldade em se recuperar. Sempre foi assim.)
Nessa faixa de terra, à 33 metros das áreas costeiras, possui um ecossitema rico de mangues, restingas e vegetação que protege a natureza, os oceanos, rios, lagos e toda a biodiversidade do local. Eventualmente, devido a constituição do nosso país, neste local ainda reside descendentes do período de escravização de africanos e dos povos originários, mas com os seus saberes ancestrais, protegem a natureza, pois entendem que fazem parte dela através da sua Cosmovisão de mundo.
Este é o ponto central deste texto. Esta PEC é mais uma atitude de pessoas que apenas visam os lucros, e se vêem superiores ao Meio Ambiente e aos demais que não possuem poder aquisitivo igual ou superior ao seu. Mais uma vez, estamos assistindo a atitudes totalmente suicidas, levando a humanidade à destruição. Gostaria muito de ter palavras mágicas que conseguissem sensibilizar a todos de que precisamos agir de forma contrária em que agimos até o momento. Que o lucro e o dinheiro não devem ser os direcionadores das nossas atitudes, mas sim a preservação do Meio Ambiente e das pessoas menos favorecidas economicamente. Aliás, a Crise Climática e a desigualdade social são sintomas dessa doença que o homem branco não se cura, chamada ganância e lucro acima de tudo.
O ser humano depende da natureza, somos parte da natureza e devemos agir de forma conjunta para regenerar nossa relação conosco, com o outro e com o Planeta. A mudança passa pelo individual, percebendo que as atitudes que nos trouxeram até aqui nos deixaram um Planeta doente e uma desigualdade social irracional. O Planeta é um ser vivo, produz ar, água e alimento para TODOS os seres vivos, e o ser humano é o único que polui o ar, polui a água e envenena o solo, desequilibrando todas as relações naturais, produzindo uma catástrofe em que todos os seres vivos estão sofrendo as consequências.
Tudo bem que não sabíamos que chegaríamos até aqui! Mas há tempos que os cientistas demonstram que os índices de poluição, emissão de GEE etc, aqueceria a Terra e traria consequências irremediáveis. Estamos, senhores e senhoras, neste exato momento. E o momento é de rever no micro o que podemos fazer para reduzir os efeitos no macro, e decididamente, a aprovação desta PEC vai na contramão do que precisa ser feito.
Voltando ao título do texto, não temos mais tempo em pensar individualmente. Precisamos pensar no coletivo. Somos seres interdependentes, pois vivemos dos mesmos recursos naturais: animais, plantas, pretos, brancos, ricos e probres. É hora de mudar a lógica mecanicista e pensar de forma compartilhada e interdependente. Voltar às origens, pois nossa origem é a natureza. Sair dessa visão antropocentrada para uma visão ecológica. Somos uma grande e única nação onde todos se completam.
Que as vidas perdidas no Rio Grande do Sul nessa enchente, as vidas que estão de forma precária ainda superando toda a tragédia, sejam fonte de inspiração de toda população brasileira para que esta PEC e todas as demais ações contra uma visão regenerativa do Planeta sejam canceladas e que toda a energia seja empregada em atitudes para que as organizações, governos e entidades civis se engajem em prol da recuperação da nossa casa, o Planeta Terra. Sim, é possiível e deve começar de forma individual.
Qual o seu propósito de vida? O que é preciso para que os recursos naturais sejam recuperados? O que podemos fazer para que as pessoas do nosso bairro tenham uma vida digna? Tudo o que nos foi ensinado deve ser revisto. Se sua vida está baseada em consumo, lucro, dinheiro, competição e individualismo, você deve rever (urgentemente) suas metas. A vida no Planeta está em risco e a sua atitude acelera este desfecho ou constroi um novo final.
Link para votação da Consulta Pública
Renata Ramos
Sócia Fundadora Tabahyba