top of page

O mais antigo é o mais moderno!

  • Foto do escritor: Tabahyba
    Tabahyba
  • 10 de ago. de 2023
  • 3 min de leitura

Hoje falaremos do ODS 7, que visa garantir que todos tenham acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia. É mais um esforço para atender às necessidades da economia e proteger o meio ambiente segundo a Agenda 2030 da ONU. E o faremos dando um ótimo exemplo concreto de como promover a economia dentro de um modelo sustentável, falando mais uma vez das comunidades tradicionais de pescadores que habitam todo o vasto litoral brasileiro, as quais aparentemente não guardam relação alguma com a temática da energia limpa e a redução das emissões de CO2 na atmosfera. Então vejamos.

Partindo do princípio segundo o qual quanto menor a dependência de combustíveis fósseis, mais acelerada deve ser a adoção de energia renovável, a União Europeia (UE), através do Fundo Europeu de Desenvolvimento, vem financiando projetos voltados para a pesca em pequena escala, investindo nesta atividade mais de 2 milhões de Euros entre 2014 e 2020 através do programa MAR 2020.

Portugal foi um dos países escolhidos para este projeto, onde a pesca artesanal é chamada “arte Xávega”. Estive lá no ano passado em pesquisa, na costa de Caparica. A frota de pequena pesca representa 84,4% do número total de embarcações pesqueiras licenciadas, e emprega cerca de 49% do total de pescadores. Na Região Autônoma da Madeira este percentual é de 72%, chegando a 86,9% na Região Autônoma dos Açores. Foram apoiadas 293 intervenções nas embarcações, com a substituição dos motores para promover a maior eficiência energética e uma menor emissão de gases de efeito estufa.

Chamado de “Transição Energética – Pesca e Aquicultura de Portugal”, o projeto foi destinado a “apostar na inovação, na modernização dos processos, na redução da emissão de carbono e na economia circular das empresas e organizações do setor de pescado. Para tanto, incluía os seguintes eixos: 1) Projetos em digitalização/modernização dos processos; 2) Eficiência energética; 3) redução de emissões e propulsão elétrica e/ou híbrida; 4) segurança e habilidade no interior das embarcações de pesca; 5) melhoria das condições de trabalho; 6) cascos com novos formatos e materiais de baixa fricção ao deslocamento que permitem reduzir o consumo energético; 7) fomento da economia circular no setor de pesca e aquicultura.

Eu disse isso tudo para chamar a atenção para ações sustentáveis que já são muito óbvias lá fora relacionadas à pesca, nomeadamente, a eficiência energética e a redução de emissões e a adequação à propulsão das embarcações, já que o assunto é o ODS 7. E se relacionarmos esses dois itens com o que acontece no Brasil, onde as comunidades pesqueiras litorâneas lutam para sobreviver, seja pela redução dos estoques pesqueiros ocasionada pela poluição dos mares e pela pesca industrial predatória, seja pela expulsão das suas terras pela especulação imobiliária, temos que para cada canoa ou jangada utilizada na pesca tradicional em nossa costa ou mesmo em nossos rios, é um motor a menos a emitir gases poluentes na atmosfera terrestre e a poluir os oceanos. Não quero dizer com isso que a pesca artesanal realizada aqui não use o motor, nem criminalizar o pescador que o utilize. Afinal de contas, a faina não é fácil. O meu intuito aqui é apenas trazer toda essa reflexão para o desenvolvimento das comunidades tradicionais de pesca grosso modo como uma alternativa energética de baixo impacto.

Sob esse aspecto, paradoxalmente, o mais antigo é o mais moderno! Além de ser a modalidade de pesca que menos impacta negativamente a fauna e a flora marinhas, a pesca tradicional é a que menos depende de motores movidos à diesel ou gasolina, responsáveis pela emissão de CO2 na atmosfera. As modernizações sustentáveis nesse setor permitirão que, mesmo diante da necessidade da utilização de motores, a propulsão seja elétrica ou híbrida. Isso envolve investimentos públicos e também privados na otimização dos processos desta atividade, aumentando não apenas a eficiência energética da pesca tradicional, mas também a qualidade de vida dos trabalhadores, os índices de desenvolvimento humano e a economia local. Logo, o problema não é ter ou não motor, mas qual. Nenhuma cultura para no tempo, e a cultura tradicional da pesca não foge a essa regra. No entanto, ela deve ser modificada para melhor, modernizando-se de forma a deixar ainda mais sustentável o que já existe.

Em suma, o exemplo que vem lá de fora demonstra que é muito mais “inteligente” fomentar o desenvolvimento das comunidades tradicionais de pescadores brasileiras, do que fechar os olhos para a extinção paulatina dessa riquíssima cultura ancestral que está tristemente à beira da extinção.

Henrique Barahona

Sócio Fundador

Tabahyba, Casa de Todos

 
 

©2023 por Tabahyba. Todos os direitos reservados.

Site desenvolvido por Agência Skyrocket.

projetos socioambientais

  • Instagram
  • Facebook
  • LinkedIn
bottom of page