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Inteli(gente)

  • Foto do escritor: Tabahyba
    Tabahyba
  • 15 de mar. de 2023
  • 2 min de leitura

Falamos da última vez sobre as Cidades Inteligentes como aquelas que devem se voltar eticamente para as pessoas que nela habitam, isto é, para toda gente. Sim, a tecnologia é importante, mas de nada vale se for um privilégio de poucos. Muitas vezes interrogamos para quê serve a tecnologia, mas chegou a hora de perguntarmos também para quem ela está disponível e como.

A palavra “gente” vem do Latim gens, entis, e se refere a um conjunto de pessoas, um coletivo. Outra palavra derivada de gens, embora seja pejorativa, é “gentio”, de gentilis. Era o povo considerado bárbaro a ser conquistado, povos pagãos como os da África e da América. Há aqui uma clara divisão semântica entre nós e eles; entre os meus ou a “minha gente”, aqueles que são iguais a mim, e o resto que não me causa importância alguma.

Sobre os “gentios”, os europeus fizeram recair toda a sua tecnologia retórica e bélica: a primeira era a Cruz na conversão das almas, a segunda, os canhões e mosquetes na eliminação dos corpos resistentes dos povos originários. Acabava que uma coisa levava à outra, pois quem não se convertesse ao catolicismo seria morto ou escravizado no que se entendia naquela temporalidade por “guerra justa”.

Vejamos um exemplo aqui no Rio de Janeiro. Em 1575, após a reconquista da Guanabara, o então Antônio Salema seguiu até Cabo Frio com as suas tropas cumprindo fielmente o “Regimento de Tomé de Sousa”, dado pelo rei D. João III em 17 de dezembro de 1548, recomendando que fizessem guerra contra os povos originários, “destruindo-lhes suas aldeias e povoações e matando e cativando parte deles que vos parecer que basta para seu castigo e exemplo”.

Esta mesma guerra, promovida por outros motivos e mediante o emprego de outras armas, ainda é travada nos dias atuais. Tem razão Ailton Krenak ao pintar o rosto numa tribuna e afirmar que os nossos povos ainda estão em guerra! Diz ele: “A civilização chamava aquela gente de bárbaros e imprimiu uma guerra sem fim contra eles, com o objetivo de transformá-los em civilizados que poderiam integrar o clube da humanidade”.

Pertence a nossa geração a tarefa de colocar um fim nessa guerra e “adiar o fim do mundo”.


Como? Sendo inteligentes, interligando gente!


Henrique Barahona

Sócio Fundador Tabahyba, Casa de Todos

 
 

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