Dia de Gaya - substantivo feminino
- Tabahyba
- 22 de abr. de 2024
- 2 min de leitura
Dia Internacional do Planeta Terra, logo após a comemoração do Dia dos Povos Indígenas. Tudo correlacionado.
Terra, substantivo feminino. Gaya, a Mãe Original, a Mãe de Todos.
Os dias comemorativos só são válidos se nos levam à reflexão. O dia de hoje, em 2024, se faz mais urgente do que nunca, após a fala de Simon Stiell, Secretário Executivo da Convenção - Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, (ONU), no dia 10 de abril: "Os governos, os líderes empresariais e os bancos de desenvolvimento têm dois anos para tomar medidas para evitar alterações climáticas muito piores", disse que os próximos dois anos são “essenciais para salvar o nosso planeta”. “Ainda temos a oportunidade de fazer cair as emissões de gases com efeito de estufa, com uma nova geração de planos climáticos nacionais. Mas precisamos destes planos mais fortes, agora”, disse ele.
O ano de 2023 não confirmou redução de emissão de gases estufa, como firmado em acordos e em todos os planos e metas associados à Agenda 2030 da ONU e às práticas ESG.
Quase 84 mil pessoas participaram na cimeira COP28 do ano passado no Dubai, atraindo críticas dos ativistas depois de mais de 2 mil lobistas dos combustíveis fósseis terem se registado para participar.
Percebemos o calor extremo no início do ano aqui no Sul Global, as geleiras degelando, a poluição nos oceanos e a desertificação, com a maior seca já registrada na Amazônia.
Aparentemente nada disso surte efeito. Aqui que gostaria de chegar. E por que? Arrisco a dizer que nas mesas das negociações, nas empresas e governos vemos ainda a presença de homens brancos que mantém a mentalidade colonialista de invasões, lucros à curto prazo, a qualquer custo (humano e dos recursos naturais). Essas pessoas não incapazes de serem sensibilizadas por qualquer projeção, índice ou realidade, pois a visão imediatista está arraigada, e não há outro cenário a ser pensado.
No início da minha reflexão, eu ia incluir como causa raiz da destruição da nossa Casa, o Planeta Azul que é perfeito para os seres vivos morarem, os homens. Ia colocar toda a culpa no patriarcado. Mas as reflexões e os mergulhos dados no dia 19 de Abril, e de todo entendimento em relação ao modo de vida dos povos originários, me fez refazer a hipótese e incluir o patriarcado branco, já que os homens indígenas são exemplos de excelentes "donos de casa", os quais mantém nossa Casa protegida há 524 anos.
Enfim, que este texto sirva de incentivo para que toda agenda seja direcionada para a regeneração da Terra e das relações humanas, tendo como exemplo os povos originários que sabem se relacionar com os recursos que o Planeta nos oferece sem exterminá-los. Temos que ter a humildade de reconhecer nossa incapacidade de lidar com a nossa ganância, e traçarmos, de forma conjunta, uma nova forma de viver no mundo, sem acumulação, lucros exorbitantes, bilionários e poluição. O mundo da mercadoria nos trouxe ao limite e não há quase mais nada a ser comprado. A Terra fornece o que é vital de graça, nós que não temos habilidade em reconhecer a importância disso. Que todo esse aprendizado se reverta em potência e urgência.
Renata Ramos
Sócia fundadora Tabahyba