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A Pesca Artesanal é Resistência

  • Foto do escritor: Tabahyba
    Tabahyba
  • 5 de jul. de 2023
  • 3 min de leitura

Escrevemos em maio deste ano sobre a importância das comunidades costeiras de pescadores artesanais para a preservação dos oceanos. Naquela ocasião, falávamos que “a saúde dos oceanos, das regiões costeiras e ecossistemas de água doce é fundamental para o crescimento econômico e a produção de alimentos, mas também é essencial na luta contra o aquecimento global”.

Com efeito, nestes últimos dias assistimos à divulgação de dados alarmantes sobre o clima que repercutem diretamente sobre as nossas comunidades tradicionais de pescadores. O primeiro é o aumento da temperatura média da Terra, o mais alto já registrado. Pelo segundo dia consecutivo, o mundo bateu a marca de dia mais quente da história recente na última terça-feira (4/7), quando a temperatura média global atingiu 17,18ºC., ultrapassando o triste recorde anterior registrado na segunda-feira (3/7), com 17,01ºC. O segundo dado, como consequência direta do primeiro, foi verificado na Groenlândia, na região Ártica. Imagens da Ilha de Nares, no norte do país, feitas pelo satélite Sentinel-2 entre os dias 29 de junho e 3 de julho, mostram que a camada de neve da ilha derreteu em apenas 4 dias.

Sim, é triste, mas não chega a surpreender. Estamos alertando há décadas sobre os efeitos do aumento da temperatura da Terra. Durante todo esse tempo, os negacionistas e suas teorias conspiratórias diziam que nada disso aconteceria de verdade ou, quando muito, somente num futuro muito distante. Agora, chegou.

O aumento da temperatura Global e o derretimento das calotas polares atingirão a toda a Humanidade, embora, mais diretamente, acometerão as comunidades tradicionais de pescadores existentes em nosso extenso litoral, uma parcela da nossa sociedade historicamente sempre mais vulnerável. Como já dissemos anteriormente, são “mais de 60 milhões de pessoas pelo mundo que estão empregadas na pesca e na aquicultura, sendo a maioria deles nos países em desenvolvimento, exercendo uma pesca do tipo tradicional”.

Aqui em Niterói – e a Tabahyba é uma empresa de Niterói! – o derretimento das geleiras em curso trará invariavelmente o aumento das inundações, ocasionando danos irreparáveis a quem vive na areia da praia. Pois é na areia da praia onde ficam as canoas centenárias, as redes a secar, os barracões e as casas dos humildes pescadores.

Hoje a pesca artesanal ainda resiste em algumas praias niteroienses. Em Itaipú, por exemplo. Estamos falando de uma cultura que é considerada por lei um Patrimônio Imaterial de Niterói, uma cultura que gera emprego e renda, faz girar a economia local, produz alimento fresco e de qualidade, além de ser a modalidade pesqueira que menos causa impacto ao Ambiente. Além disso, a pesca artesanal de Itaipú e da Prainha de Piratininga estão protegidas pela Reserva Extrativista Marinha (RESEX) de Itaipú.

Não existe a cultura da pesca artesanal sem a areia da praia. Portanto, o aumento dos oceanos significará a extinção de toda a cultura caiçara que é um patrimônio da nossa cidade, uma riqueza de todos nós. Quando eu era criança, cansei de ajudar os pescadores a puxar o arrastão com meu pai, meus tios e primos quando íamos à praia. Era algo corriqueiro, normal. Mesmo na Praia de Icaraí, onde já não existe mais. E ainda levávamos 2 ou 3 tainhas para casa! Não era um prêmio. Era cumplicidade, engajamento ou, como eles dizem, “companheirismo”. Por alguns momentos, nos juntávamos a eles com um só objetivo. Talvez esta seja a última chance de pegarmos todos nesta rede novamente, e tirarmos juntos do mar uma ponta de esperança.

Henrique Barahona

Sócio Fundador Tabahyba, Casa de Todos

 
 

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